Nos últimos anos, alguns cristãos têm levantado
vários questionamentos com relação à frequência a uma igreja, nos moldes em que
ela está sendo conduzida. Alguns chegam mesmo a fazer forte resistência à
participação nos cultos. Não lhes nego certa dose de razão. Em certos setores,
de fato, temos visto alguns desvios inaceitáveis. Em outros, porém, a forma
bíblica ainda está sendo respeitada.
Tempos atrás, li um livro que aborda essa questão
até de forma bem inteligente. Embora os autores não procurem propriamente
aplaudir aqueles que abandonaram a igreja – se minha “leitura” dele tiver sido
correta – parece-me que apresentam justificativas para eles. E a principal
delas são os erros da liderança. Até podemos entender o sentimento de frustração
que toma conta do cristão que espera ver santidade por parte de seus líderes,
mas se decepciona ao ver corrupção. Entretanto, ainda estou convencida de que
temos muito mais razões para ir à igreja do que para não ir.
Pensando sobre o assunto, perguntei a mim mesma:
“Por que ainda gosto de ir à igreja?” E a resposta que me veio à mente até me
surpreendeu. É que, além de ouvir a exposição da Palavra e cultuar a Deus na
comunhão com os irmãos – nossos principais interesses – percebi que tenho diversos
motivos justos para não abandonar minha congregação. Gostaria aqui, então, de
passar essa reflexão ao leitor, orando para que ela possa trazer alguma
edificação para alguém.
1. Vou à igreja porque a Bíblia ensina que “fomos
batizados em um corpo” (1 Co 12.13). É claro que isso é uma referência ao corpo
místico de Cristo, e não a um grupo específico. Entretanto, onde quer que nos
reunamos como irmãos, somos todos membros desse Corpo.
2. Vou à igreja porque não vou apenas para receber.
Concordo que é muito justo que alguém queira participar de um culto ou reunião
para “buscar uma bênção”. Nada mais natural do que desejar procurar uma
resposta no lugar onde se fala de Deus. Entretanto, Jesus disse: “melhor coisa
é dar do que receber”. Quem se dispõe a dar recebe muito mais em troca. Então,
outra razão por que vou é para “abençoar” alguém.
3. Uma terceira razão por que vou à igreja é que
gosto de estar junto de pessoas que têm os mesmos sentimentos e pensamentos. No
mundo, muitas vezes, estamos rodeados de indivíduos que não amam a Deus. Na igreja, isso não acontece. Sabemos que
pelo menos alguns dos que vão ali estão desejosos de conhecer mais o Senhor, de
louvá-lo, de ouvir falar dele.
4. Vou à igreja também porque os irmãos de países
onde o evangelho de Cristo é reprimido não podem ir. À primeira vista, esse
argumento pode parecer banal, mas pensemos um pouco. Frequentar uma congregação
é um alto privilégio. Aqui no Brasil, temos liberdade de ir e vir, de carregar
nossa Bíblia, de louvar a Deus. Há países onde possuir um exemplar da Palavra é
visto como um crime passível de condenação à morte. Na verdade, precisamos até
agradecer muito a Deus pela liberdade de que gozamos.
5. Ainda outra razão por que vou à igreja é que
Jesus ia. E se há uma pessoa que poderia perfeitamente dispensar essa prática é
o Senhor. E, no entanto, sempre que ele se encontrava em Jerusalém, seguia para
o templo. Ficava ali ensinando, curando enfermos, falando do Pai e uma vez até
expulsou de lá algumas pessoas que depreciavam aquele lugar santo. (Veja Mateus
21.12,14, 23). Quando ele estava na Galileia ou em outras regiões, costumava
frequentar a sinagoga local. E uma vez lá, não perdia oportunidade de exercer
seu ministério. Agora observemos um detalhe: quem eram os líderes religiosos
daquele tempo? Quem praticamente liderava os serviços no templo e nas
sinagogas? Os escribas e fariseus. E, pelo que dizem os Evangelhos, eles eram
os que apresentavam as maiores falhas no que diz respeito às coisas
espirituais. O Senhor poderia ter argumentado que não iria mais ao templo ou à
sinagoga porque a liderança era corrupta. Mas o que ele fazia? Estava sempre
presente.
6. Em último lugar, vou à igreja porque existe um
mandamento explícito nesse sentido. Encontra-se em Hebreus 10.25: “Não deixemos
de congregar-nos, como é costume de alguns”. Dizem os estudiosos que aqueles
irmãos estavam deixando sua congregação por temor de perseguição. Se eles, que
estavam correndo o risco de serem presos, receberam a ordem para não deixar de
frequentar sua congregação, quanto mais nós. Se o Senhor permitiu que essa
ordenança chegasse aos nossos dias, ele deve ter tido um propósito bem definido
nisso.
Eu poderia alinhavar ainda outras razões por que
vou à igreja, mas creio que essas são as principais.
Para concluir, preciso fazer aqui uma ressalva.
Reconheço que a igreja não é perfeita; nenhuma congregação o é. Lembremos,
porém, que ela é constituída de seres humanos, e depois disso não precisaremos
dizer mais nada. O fato de afirmarmos que somos salvos não significa que nos
consideramos isentos de falhas. Pelo contrário; é exatamente por reconhecermos
que somos pecadores que entendemos nossa necessidade da graça de Deus para nos
salvar. E como ele já nos estendeu sua graça, mediante nossa fé, podemos
ver-nos na condição de salvos – não de seres perfeitos. Aliás, é exatamente por
isso que a Bíblia contém ordenanças como “Suportai-vos uns aos outros” (Cl
3.13).
“Não deixemos de congregar-nos.”
Autor: Myrian Talitha Lins
Texto adaptado. O original encontra-se no site:
blogeditorabetania.com.br/tag/por-que-devo-ir-a-igreja/



